terça-feira, 20 de maio de 2014

A última chance

Um belo dia de verão e o sol amanhece quente. As mães acordam cedo, assim como os pais e logo o dia passa... O que aconteceu de muito importante nesse dia? Não muito: mais vidas perdidas, mais um dia de trabalho no hospital e mais um dia sem descanso. Um médico com uma longa carreira bem sucedida já está acostumado com a correria do hospital. Com um longo suspiro o médico se deita na cama, nem sequer tem tempo de refletir sobre seu dia e logo cai no sono. No outro dia acorda com o som do despertador tocando a mesma velha música de sempre. 

- Mais um dia.Pensou ele.

Levantou-se, vestiu-se e foi de carro até o hospital, cumprimentou as enfermeiras e o faxineiro, entrou em sua sala e conferia a agenda de pacientes do dia:
- Senhor? uma mulher loira e alta entrou em sua sala. 
- Sim? - ele respondeu. 
- Sua filha está te esperando. A moça disse sorrindo. 
- Já estou indo. O médico disse guardando a agenda e se levantando. 

Seguiu lentamente até a sala 703 onde sua filha estava internada. Um caso grave de leucemia. Ao entrar na sala foi recebido com um grande sorriso de uma garotinha pálida. 

 - Papai! Ela disse. 
 - Oi princesa. Ele se sentou na cama hospitalar e abraçou a filha. 

Passou algum tempo ao lado da filha e já ia começar a trabalhar quando o médico encarregado o chamou no canto: 
- O tratamento já não surte efeito nela. Eu sinto muito. Avisou.

Depois disso o dia passou lentamente e já no fim do dia ele resolveu ir conversar com a garota: 
- Oi filha. Ele disse entrando no quarto e fechando a porta. 
- Oi papai. A garota disse um pouco fraca. 
- Fiz um desenho pra você. Ela pegou uma folha de papel que estava debaixo do travesseiro e o entregou, ele sorriu. 
- Obrigado. Sabe filha. Ele disse se sentando ao lado da menina. 
- Eu pensei muito hoje e percebi. Que passei tempo demais trabalhando nesse hospital. Você não acha? Ela concordou com a cabeça. 
- Mas você sabe que o papai faz tudo isso por você, não é? Tudo isso pra te dar o que você precisa. A filha sorriu. 
- Eu sei papai. Mas eu queria passar mais tempo com você. Ela responde tristemente. 

O pai a abraçou e passou a noite toda deitado ao seu lado. Na manhã seguinte ele percebeu que a frágil garotinha não se movia. Gritou por ajuda e o cirurgião encarregado levou a garota para a sala de cirurgias. O pai esperou por horas, sentado na sala de espera. Não sabia mais o que fazer. Ele queria mais tempo, precisava de mais tempo. Ela não podia ir assim. Ela era tudo que tinha restado pra ele. Como ele poderia viver sem a única coisa que importava para ele? Todas aquelas horas trabalhando no hospital, procurando um jeito de reverter a situação, trabalhando todos os dias pra pagar os vários médicos internacionais e nacionais que a consultaram em busca de um tratamento. Todo esse tempo desperdiçado, esse tempo que ele poderia passar ao lado da filha que apenas esperava a morte lentamente. O tempo que ele poderia ter passado fazendo a filha sorrir mais, fazendo-a esquecer da dor... Todo esse tempo desperdiçado. 

- Ah Deus. Sussurra, deixando lágrimas caírem de seus olhos. 
Ele só queria uma segunda chance, como ele poderia ser feliz com tanto sofrimento? 
Com pensamentos como esse, ele adormeceu na cadeira fria da sala de espera do hospital.
- Senhor? Senhor? - uma enfermeira o acordou. 
- Sim? Alguma notícia? - ele acordou num pulo.
- Senhor, eu não sei como explicar...  a enfermeira respondeu confusa.
Ele segurou os braços da mulher com força.
- Cadê minha filha? Ele grito, mas parou ao ver a porta se abrindo e uma garotinha passando por ela
- Papai? 

 Não deixe que o tempo passe sem que você o aproveite cada segundo sorrindo junto a quem você ama. 

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